terça-feira, 9 de novembro de 2010

Malas e roupas: viagens


PERDIDO


Sempre tive um bom senso de direção. Geralmente sei me localizar, sei para onde ir. Mesmo se estou numa cidade estranha, basta olhar um mapa e memorizar algumas referências. Estou pronto para sair, andar e ir a qualquer lugar. Nunca me perco, sempre sei o caminho de volta. E nos caminhos e trilhas por onde faço as minhas caminhadas solitárias, raramente penso que posso estar no rumo errado.
Isso no lado físico, geográfico, externo. Ao longo da vida, contudo, tenho convivido constantemente com a sensação de estar perdido, de não saber direito o que fazer, não saber para onde ir, que rumo tomar, que caminho escolher. No fim, tudo acaba se encaixando, de um jeito ou de outro. Mas aqui e ali, nas relações sociais, profissionais, familiares e até afetivas, muitas e muitas vezes me senti sufocado pela velha e desconfortável sensação de estar perdido.

Então, outro dia, encontrei o seguinte texto do espanhol José Ortega y Gasset:

“O homem lúcido é aquele que... encara a vida sem temor, percebe que tudo nela é problemático e se sente perdido. E esta é a verdade elementar – a de que viver é sentir-se perdido. Aquele que a aceita já começou a encontrar a si mesmo, a pisar em terra firme. Por instinto, como fazem os náufragos, olhará em torno à procura de algo em que possa se agarrar, e esse olhar trágico, implacável, absolutamente sincero – porque se trata da sua salvação – irá fazer com que ele ponha ordem no caos da sua vida. São estas as únicas idéias autênticas: as idéias dos náufragos. Tudo o mais é retórica, pose, farsa. Aquele que realmente não se sentir perdido não tem perdão; quer dizer, nunca se encontrará, nunca enfrentará a sua realidade.”

Um comentário:

  1. Estou iniciando minha viagem pelo seu blog...e adorando as paisagens que já vi...convido vc pra visitar uma mineira,quese sua vizinha em Tiradentes..rs
    www.mulherdeasas.blogspot.com

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