sábado, 28 de março de 2009

A Via Sacra de Lígia Vellasco

Minha amiga Lígia Vellasco, pintora há mais de 50 anos, está expondo uma Via Sacra no Memorial D. Lucas M. Neves, em São João del-Rei.
A Via Sacra de Lígia Vellasco é forte, dramática, ousada, quase atrevida. A começar pelo tratamento cromático. Lígia resumiu sua paleta a apenas três cores e suas variações. Vermelho, amarelo e marrom – sangue, luz e sombra. Verdes e azuis estão deliberadamente ausentes. Com isso, as telas ganham força e dramaticidade. Os momentos decisivos do cristianismo são representados sem cores frias, sem meios tons, sem artifícios visuais que amenizem a tragédia.
A abordagem de Lígia também é criativa. Seu Cristo é um homem forte, másculo, vigoroso. Os coadjuvantes – soldados, mulheres, pessoas em geral – são figuras quase patéticas, perplexas, teatrais, arlequinescas. Como se não percebessem totalmente o que estava acontecendo. Como se não soubessem a importância dos eventos a que presenciavam.
As telas, é claro, contam uma história. Por elas se acompanha, passo a passo, o enredo tão conhecido. Ainda assim, em cada tela Lígia Vellasco surpreende o observador. O fundo escuro e diagonais fortes e inesperadas – a trave da cruz, as lanças, um feixe de luz, a posição de um corpo – conduzem o olhar para uma ação que ocorre em lugar e época indefinidos.

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