sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Uma arte sem adjetivos, uma pintura sem ornamentos


O poeta grego Konstantinos Kaváfis (1863-1933) disse, certa vez, que arte é dizer tudo apenas com substantivos, pois o uso de adjetivos enfraquece a linguagem. Por isso sua poesia - com a qual me identifico profundamente - é seca, isenta de adjetivos, sem ornamentos.
Assim procuro fazer a minha pintura: direta, simples, essencial, substantiva.
A mostra Viagem, exibida na Galeria de Arte da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte, e no Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes (MG), encontra algumas referências na poesia existencial e niilista de Fernando Pessoa:
“Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas”.

O mesmo Pessoa foi taxativo, em outro poema:

“Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça
O sair de um lugar, o chegar a um lugar, conhecido ou desconhecido,
Perco, ao partir, ao chegar, e na linha móbil que os une,
A sensação de arrepio, o medo no novo, a náusea –
Aquela náusea que é o sentimento que sabe que o corpo tem alma,
Trinta dias de viagem, três dias de viagem, três horas de viagem –
Sempre a opressão se infiltra no fundo do meu coração.”

Eu poderia dizer que a inquietação sempre se infiltra no fundo do meu coração. E é essa inquietação que procuro transmitir nas minhas telas.

Airton Ribeiro

2 comentários:

  1. E não é que tem vindo aqui alimentar o blog? fico contente.
    Beijo,
    Anaelena

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  2. parabéns, Airton! Hoje estou sem banda larga, mas vou voltar ao seu blog, já q ñ pude ver ainda nenhuma das esposições! Me aguarde!

    Henrique!

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