sábado, 1 de outubro de 2011

Para Antonio

Funeral Blues
W. H. Auden (1907-1973)

Parem todos os relógios, desliguem os telefones,
Dêem um osso suculento ao cachorro para que ele pare de latir,
Silenciem os pianos e, com tambores em surdina,
Tragem o caixão, deixem entrar os enlutados.

Façam voar os aviões em círculos agourentos
Escrevendo no céu a mensagem: Ele morreu.
Ponham golas pretas no pescoço branco das pombas
E que os guardas de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era meu norte, meu sul, meu leste e oeste,
Meus dias de trabalho, meu descanso dominical,
O meio-dia, a meia-noite, minhas palavras, minha canção.
Achei que o amor duraria para sempre. Eu estava errado.

Não quero as estrelas agora, apaguem todas elas.
Cubram a Lua, e que o Sol se faça em pedaços.
Afastem o oceano e removam os bosques,
Porque nada de bom nunca mais irá acontecer.

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